Memórias de Formação
Ressaltando a importância das nossas memórias no processo de
formação docente e sabendo que o conceito de memória vem sendo abordado por
diversas ciências sociais, conclui-se que a memória como fenômeno
social,depende do relacionamento do individuo com a família, classe social, a
escola, grupos de convivência e de referência a este individuo. Bergson
Halbawchs afirma que
“[...] lembrar não é reviver, mas refazer, reconstruir, repensar com imagens e ideias de hoje as experiências do passado.” As recordações não afloram em estado puro, na verdade elas são tratadas pelo ponto de vista cultural e ideológico do grupo no qual o sujeito está inserido.(HALBAWCHS,1996,12p.)
Partindo dessa premissa propusemo-nos a refletir sobre a
nossa prática a parte da análise das experiências da equipe. É possível
constatar que existem muitas diferenças nas posturas dos antigos professores
para as nossas práticas atuais. O trabalho dos nossos antigos professores foi
importante no sentido de possibilitar uma revisão da nossa própria prática. O
nosso modo de atuar, inegavelmente foi influenciado pelos nossos antigos
professores, alguns positivamente outros não, porém de certo modo todos nos
deixaram marcas. Parafraseando o professor Paulo Freire, consideramos que não
chegamos aqui sozinhos e vazios, mas carregamos conosco a memória de muitas
tramas e um corpo molhado pela história e pela cultura. De fato, vamos tramando
os pedaços de tempo que nos constituem numa rede maior. Quando percebemos o
parentesco entre o tempo vivido e os tempos por vir é que se dá o processo de
formação, o qual, em parte, depende das "soldaduras" que fizemos e
faremos dos instantes vividos.
Uma reflexão aprofundada sobre a metodologia aplicada pelos
professores que tivemos percebeu-se que na maioria, modismos e idéias
transplantadas acabam evidenciando uma prática tradicional ou enveredando pelo
tecnicismo. Vale ressaltar que, a ênfase era dada aos exercícios, a
repetição de conceitos ou fórmulas, cópias, interrogatórios orais, pois através
da memorização visava disciplinar a mente e formar hábito, o que acaba por
adestrar os alunos. Valoriza-se a aula expositiva centrada no professor sem
se preocupar com diferenças individuais e sem maiores elaborações pessoais.
A relação professor/aluno se dava de forma vertical e
hierárquica, o professor era quem detinha o saber e a autoridade, dirigindo o
processo de aprendizagem, onde se apresentava como modelo a ser seguido.
Á chamada Educação Tradicional da qual fomos participantes,
que hoje é bombardeada por críticas severas, como se nada de positivo ela
tivesse acrescido á construção da nossa sociedade, manifestamos nossas
considerações. É necessário ponderar o período da educação tradicional,
visando, também garimpar o que ela pôde contribuir para o crescimento cultural
e mental da Civilização, sem o estigma de qualquer ideologia, apenas com o
objetivo de estudar os pensadores em educação desta época, nos surpreenderemos
com a fortaleza que foi a escola dentro de um contexto dominado pelo fanatismo
religioso, político e econômico, onde pessoas foram educadas de forma a se
transformarem em seres humanos responsáveis, fortes moralmente, e bem
preparados para viver o seu tempo da maneira rígida como naquela época era a
exigência.
Em suma, é preciso considerar e aprofundar nossa visão sobre
a época, contexto histórico e cultural, que provocou tantas exigências,
aparentemente traumatizantes, mas que permitiu um fortalecimento mental,
emocional e cultural, num momento histórico delicado e exigente, que ainda
estamos tentando esquecer. Após uma análise de todos esses aspectos é possível
constatar que a realidade local influencia diretamente os rumos da educação e
que toda experiência é válida quando se tem sensibilidade e maturidade para
extrair delas o que mais tarde será uma mola propulsora para o sucesso. Como
diz Lonely Wolf: “Guerras infindáveis marcam a minha existência, vitórias e
derrotas fazem parte da minha vida.” (WOLF, 2001)
A partir das experiências relatadas, passamos a perceber e
vivenciar o papel do professor e do aluno num processo de interação e
reflexão da realidade social para fazerem uso de instrumentos que provocarão no
processo ensino-aprendizagem a internalização dos conhecimentos
significativamente produzidos pelo conjunto da humanidade e, necessários
ao desenvolvimento do ser humano. Podemos concluir que a aprendizagem ocorre
quando estimulada e/ou mediada, provocando saltos nos níveis do desempenho do
aluno, principalmente quando o ensino consegue se antecipar àquilo que o aluno
ainda não sabe. É nesse sentido que o conceito de zona de desenvolvimento
proximal defendido por Vygotsky ganha importância, pois, ela permite que a
distância entre o desenvolvimento real e aquilo que o aluno tem de potencial
para a aprendizagem se estabeleça a partir da mediação do professor.
Porém, não se trata aqui daquele ensinar passivo, mas do
ensinar ativo no qual o aluno é sujeito da ação, e não sujeito-paciente. Em
última instância, é preciso ficar evidente que o professor agora é o formador e
como tal precisa ser autodidata, integrador, comunicador, questionador,
criativo, colaborador, eficiente, flexível, gerador de conhecimento, difusor de
informação e comprometido com as mudanças.
Refletindo sobre o papel do aluno no processo de aprendizagem podemos afirmar que o cotidiano do aprender vem sendo influenciado pelas comunicações virtuais, ou seja, evidenciamos mudanças na responsabilidade do aluno com a sua aprendizagem. Com relação ao ato de educar cabe aqui a citação de Rubem Alves
Refletindo sobre o papel do aluno no processo de aprendizagem podemos afirmar que o cotidiano do aprender vem sendo influenciado pelas comunicações virtuais, ou seja, evidenciamos mudanças na responsabilidade do aluno com a sua aprendizagem. Com relação ao ato de educar cabe aqui a citação de Rubem Alves
"Educar é um exercício de imortalidade. De alguma forma
continuamos a viver naqueles cujos olhos aprenderam a ver o mundo pela magia da
nossa palavra. O professor, assim, não morre jamais... Entendo assim a tarefa
primeira do educador: Dar aos alunos a razão para viver”. (ALVES, 2001)
A grande responsabilidade está no bem-querer, no amor àquele
com quem convivemos e dedicamos nossa atenção no dia-a-dia: nosso aluno!É com
esse pressuposto que trabalhamos, enaltecendo qualidades e valores tão
esquecidos em nossos tempos. Bons professores educam para uma profissão,
professores fascinantes educam para a vida.
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